"Ela nunca reclamou por ser só, pelo contrário, sempre soube
se virar. Ela acordava cedo, tomava um banho gelado pra despertar, evitava
músicas melosas pra não ter o que pensar e seguia seu rumo pois era o melhor
jeito de levar. Sabia cortar o próprio cabelo e antes de um ano já sabia andar,
fazia o próprio caminho e o seguia sem se importar com o que os demais iriam
falar. Tão ela, tão dela, que jamais poderia vir a se perder. Então qual foi a
parte que deu errado? Em que momento o chão sumiu e ela entrou numa queda livre
na qual não podia se controlar? Em que momento sua essência se perdeu e ela se
perguntou “quem sou eu”? Por que agora eu vejo essa garota se procurando em
todas as esquinas, em todos os lugares, em outros olhares e em meio a
multidões. Ela precisa se encontrar, mas, e se ela não tiver se perdido? E se
ela só tiver mudado?"